Introdução
A vacinação de bebês reborn nos últimos meses é um fenômeno curioso que vem chamando atenção nas redes sociais e causando polêmica entre internautas e especialistas. Essas bonecas hiper-realistas, que imitam com perfeição recém-nascidos humanos, vêm sendo levadas por suas donas — em sua maioria mulheres adultas — a postos de saúde e clínicas para receber vacinas simbólicas.
O tema viralizou no Google Trends, levantando debates sobre saúde mental, cultura do cuidado e os limites entre fantasia e realidade. Para alguns, trata-se de uma forma de expressar carinho, afeto e até de lidar com traumas pessoais. Para outros, é um comportamento preocupante que exige atenção psicológica.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que está por trás dessa prática, unindo perspectivas psicológicas, sociais e culturais, com a análise de especialistas, dados e depoimentos reais.
O Que São Bebês Reborn?
Os bebês reborn surgiram nos Estados Unidos na década de 1990 como uma forma de arte hiper-realista. Artistas plásticos, chamados de “reborner”, dedicam horas ou até semanas à criação de bonecas que imitam bebês recém-nascidos com uma precisão impressionante: pele com veias aparentes, dobrinhas, cabelos implantados fio a fio e até cheirinho de bebê.
O objetivo é proporcionar uma experiência sensorial e emocional completa para quem os adquire. Hoje, há uma comunidade global de colecionadores — e também de “mães reborn” — que tratam essas bonecas como filhos simbólicos.
Valor Emocional
Em muitos casos, os bebês reborn não são apenas brinquedos ou itens de coleção. Eles representam laços afetivos profundos. Algumas pessoas os compram para lidar com perdas gestacionais, infertilidade ou até como forma de lidar com o “ninho vazio” quando os filhos crescem e saem de casa.

A Nova Tendência: Vacinar Bebês Reborn
A prática de vacinar bebês reborn ganhou notoriedade após vídeos viralizarem no TikTok, Instagram e YouTube. Neles, mulheres aparecem levando suas bonecas a unidades de saúde, registrando a experiência como se fossem mães reais vacinando seus filhos.
Dados do Google Trends
Segundo dados recentes do Google Trends Brasil, as buscas pelo termo “vacinar bebê reborn” cresceram mais de 300% nas últimas semanas, especialmente após a divulgação de um vídeo em que uma técnica de enfermagem finge aplicar a vacina em uma boneca, com todo o protocolo de cuidado e acolhimento.
Exemplo de Campanhas Simbólicas
Em algumas cidades, clínicas particulares têm realizado campanhas simbólicas de vacinação para bebês reborn, voltadas a promover a saúde emocional de mães que sofreram perdas. Em São Paulo, uma clínica de psicologia e arteterapia relatou o uso da boneca em dinâmicas terapêuticas, incluindo a vacinação como ritual de cuidado.

Aspecto Psicológico: Carência, Luto e Projeção
Para compreender por que algumas pessoas levam seus bebês reborn para vacinar, é essencial mergulhar no campo da psicologia. Segundo a psicóloga e psicanalista Dra. Carla Menezes, especializada em luto e vínculos afetivos simbólicos, a prática está ligada a mecanismos profundos de enfrentamento emocional.
“O bebê reborn pode representar uma extensão de um desejo não realizado ou uma tentativa de elaborar uma perda. A vacinação simbólica funciona como um ritual terapêutico, um ato de cuidado que promove uma sensação de controle e conexão com a vida”, explica a especialista.
O Luto Invisível
Diversas mulheres que se apegam aos reborns relatam ter vivido perdas gestacionais, abortos espontâneos ou dificuldades em engravidar. O luto por essas perdas, muitas vezes ignorado socialmente, encontra um espaço simbólico para ser vivenciado através do reborn.
“Há uma busca por acolhimento, por reviver momentos que foram interrompidos abruptamente. Vacinar é uma forma de projetar esse cuidado, de validar um vínculo que, apesar de simbólico, é real para quem o sente”, complementa Dra. Carla.
Terapia com Objetos Transicionais
Psicólogos infantis já utilizam bonecas em terapias há décadas, principalmente como objetos transicionais — uma ponte entre o mundo interno e o mundo externo. Para adultos, os reborns funcionam de forma semelhante, permitindo expressar sentimentos reprimidos de forma segura e estruturada.
Aspecto Social: Entre o Estigma e a Empatia
Embora o fenômeno venha ganhando visibilidade, ele também enfrenta forte estigmatização. Nas redes sociais, vídeos de vacinação de bebês reborn geram milhares de comentários — entre empatia, críticas e piadas ofensivas.
O Julgamento Virtual
É comum que essas mulheres sejam chamadas de “loucas”, “desequilibradas” ou “infantis”. O preconceito parte muitas vezes da falta de compreensão sobre os motivos psicológicos e emocionais que motivam a prática.
“A sociedade tem dificuldade em lidar com formas não convencionais de sofrimento. Quando alguém expressa dor emocional de maneira incomum, o impulso coletivo é julgar e afastar, em vez de acolher e tentar entender”, afirma o sociólogo Dr. André Porto, professor da UFRJ e pesquisador em comportamento digital.
Apoio e Comunidades Online
Apesar das críticas, existem grupos de apoio e fóruns online onde “mães de reborn” trocam experiências, organizam encontros e compartilham sentimentos. Essas comunidades têm um papel importante na validação emocional e na criação de um espaço seguro para o cuidado simbólico.
“A internet tornou possível o encontro entre pessoas que vivem dores semelhantes. Isso humaniza a experiência e dá força para que elas resistam ao estigma social”, completa Dr. André.
Aspecto Cultural: O Simbolismo do Cuidar
Em uma perspectiva antropológica, cuidar simbolicamente de um bebê reborn pode ser interpretado como uma extensão de rituais ancestrais de representação e substituição.
A Cultura da Encenação Realista
A sociedade contemporânea está mergulhada em encenações simbólicas. Desde brincadeiras infantis até jogos de RPG, a representação tem papel central na construção de identidade. O bebê reborn, nesse contexto, é um artefato cultural que permite encenar um papel: o da maternidade.
“O ato de vacinar não é apenas sobre saúde. Ele carrega um simbolismo forte de proteção, amor e responsabilidade. Ao vacinar o reborn, essa mulher está revivendo — ou construindo — uma narrativa emocional que dá sentido à sua história”, explica a antropóloga Dra. Luciana Galvão, da USP.
Sociedades que Valorizam o Simbólico
Diversas culturas utilizam objetos simbólicos para elaborar traumas ou representar ausências — bonecos em funerais, substitutos rituais para filhos perdidos, ídolos protetores. O reborn se encaixa nessa lógica, trazendo um aspecto moderno a uma prática milenar.
O Que Dizem os Especialistas da Saúde?
Para além da psicologia e da antropologia, é importante ouvir também os profissionais da saúde sobre a prática de vacinar bebês reborn. Apesar de o ato não envolver um risco físico direto — afinal, trata-se de uma boneca —, há implicações simbólicas que precisam ser consideradas.
“Quando a vacinação simbólica é feita com plena consciência de que o bebê é apenas um objeto simbólico, não há problema clínico. Porém, se a pessoa realmente acredita que está protegendo um ser vivo, isso pode indicar um quadro dissociativo”, alerta o psiquiatra Dr. Henrique Tavares, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A Ética do Profissional de Saúde
Outro ponto importante é a conduta dos profissionais envolvidos. Enfermeiros ou técnicos que simulam vacinas em bebês reborn, mesmo com boa intenção, podem estar ultrapassando os limites éticos da profissão, principalmente se não houver acompanhamento psicológico.
“Nós, profissionais de saúde, devemos acolher, mas também orientar. Em casos assim, a presença de um psicólogo é fundamental para garantir que não estamos reforçando uma ilusão patológica”, afirma Enfª. Patrícia Nogueira, supervisora de enfermagem em uma UPA em Minas Gerais.
Riscos e Limites: Quando a Fantasia Ultrapassa Fronteiras
Apesar dos benefícios terapêuticos para algumas pessoas, é importante reconhecer que, como qualquer comportamento simbólico intenso, a relação com bebês reborn pode ultrapassar os limites do saudável.
Casos Extremos
Em fóruns internacionais, há relatos de mulheres que recusam sair de casa sem seu reborn, ou que perdem vínculos sociais por viverem exclusivamente em função do boneco. Em casos assim, o reborn deixa de ser um recurso terapêutico e passa a ser um substituto da realidade.
“A linha entre fantasia saudável e delírio é tênue. O problema não está no reborn em si, mas no quanto essa relação afeta a vida real da pessoa”, esclarece Dra. Carla Menezes, psicóloga.
Quando Procurar Ajuda?
É hora de buscar ajuda quando:
- A pessoa acredita que o bebê reborn é real;
- Há isolamento social significativo por causa da boneca;
- O cuidado com o reborn substitui relações humanas reais;
- Há sofrimento psicológico envolvido na separação da boneca.
A psicoterapia é a melhor aliada nesses casos, pois permite ressignificar o uso do reborn sem julgamento ou imposição.
Conclusão: Loucura ou Terapia?
A vacinação de bebês reborn é, à primeira vista, um fenômeno curioso — e até chocante — para quem não conhece o contexto emocional por trás da prática. Porém, ao mergulhar nas camadas psicológicas, sociais e culturais desse comportamento, percebemos que ele é um reflexo complexo da dor humana, da necessidade de cuidado e da busca por sentido.
Tratar essa prática com empatia é fundamental. Não cabe à sociedade julgar, mas sim compreender os caminhos que cada pessoa encontra para curar suas feridas.
Em tempos de tanta solidão e sofrimento mental, talvez a pergunta mais importante não seja “por que vacinar uma boneca?”, mas sim: “o que essa pessoa está tentando proteger dentro de si?”
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