A Dúvida que Todo Médium Iniciante Tem: Sou Eu ou a Entidade?

Espiritualidade

Introdução

“Será que fui eu que falei… ou foi a entidade?”
Essa é, sem dúvida, uma das perguntas mais comuns (e inquietantes) de todo médium que está dando os primeiros passos no caminho mediúnico. A dúvida não é apenas legítima, mas também essencial para o amadurecimento espiritual de qualquer médium.

Neste artigo, vamos explorar como identificar a diferença entre sua consciência e a presença de um guia espiritual, os conceitos fundamentais de animismo e misticismo, as qualidades fundamentais de um bom médium e, sobretudo, como desenvolver e firmar suas entidades com confiança e segurança espiritual.

mediunidade

O Que é Mediunidade e Por Que a Dúvida Surge?

A mediunidade é a capacidade que uma pessoa tem de perceber, sentir e canalizar energias e consciências espirituais. É uma capacidade psíquica natural do ser humano, que vai muito além de qualquer rótulo ou credo religioso. Ela está presente, de alguma forma, na base de praticamente todas as crenças ao redor do mundo. Muitos dos grandes mestres espirituais das religiões eram, na verdade, canais de inspiração espiritual — verdadeiros intérpretes de planos mais sutis.

Um exemplo atual é o médium Divaldo Franco, que dedicou sua vida a transmitir mensagens espirituais com profundo amor e sabedoria. No passado, os profetas também atuavam como mensageiros entre o mundo espiritual e o humano. Eram médiuns em missão, espalhando luz por onde passavam.

Na tradição cristã, os apóstolos, durante o evento conhecido como Pentecostes, entraram em estado de mediunidade — uma experiência de conexão intensa com o divino. E até mesmo muitos santos católicos, tão admirados por sua fé, apresentavam dons como a cura, a clarividência, fenômenos físicos e estados de transe espiritual frequentes.

A mediunidade é algo que faz parte da natureza humana. Ela não escolhe idade, gênero, classe social ou nível de instrução — está presente em todos nós, independentemente das circunstâncias. Isso significa que não é um dom reservado a poucos ou algo fora do alcance das pessoas comuns.

Na verdade, a mediunidade funciona como um “sexto sentido”, uma ponte sutil que nos conecta ao mundo espiritual, da mesma forma que os cinco sentidos físicos nos colocam em contato com o mundo material. Assim como usamos o tato, o paladar, o olfato, a visão e a audição para perceber a realidade ao nosso redor, é por meio da mediunidade que sentimos e nos comunicamos com os planos mais sutis da existência.

Porém, quando essa faculdade começa a se manifestar, o médium iniciante frequentemente enfrenta conflitos internos:

  • Será que estou inventando?
  • E se for minha mente que está criando tudo?
  • Estou realmente incorporando ou é só vontade de ajudar?

Essas perguntas surgem por causa de dois fatores: a falta de conhecimento técnico e o medo de errar dentro de uma doutrina que lida com o sagrado.

Qual a Finalidade da Mediunidade?

A mediunidade é, acima de tudo, uma oportunidade sagrada de servir. É uma bênção concedida por Deus que nos permite manter contato com o plano espiritual e com a sabedoria dos espíritos que nos cercam. Ela não está aqui por acaso — tem um propósito profundo e elevado: ajudar cada ser humano a tomar consciência de sua verdadeira natureza como espírito imortal.

Para quem a vivencia com responsabilidade, a mediunidade se transforma em uma das mais belas chances de crescimento espiritual oferecidas pela Lei da Evolução ao longo das reencarnações. É um chamado para que o médium atue como um elo entre os dois mundos — o físico e o espiritual — servindo como instrumento para instrução, consolo e orientação. É por meio desse canal que muitos encontram o caminho do bem, reencontram a fé e despertam para novas possibilidades de cura e transformação interior.

Além disso, o intercâmbio mediúnico fortalece a certeza de que a vida continua além da morte. Mas não só isso: ele também nos oferece clareza para entender nossos desafios atuais como oportunidades de resgate e reajuste das experiências vividas em vidas passadas. Quem escolhe cultivar sua mediunidade com seriedade estabelece laços profundos com a Espiritualidade, e a consciência da própria imortalidade começa a influenciar suas escolhas, atitudes e valores no dia a dia.


Animismo x Misticismo

Animismo: O Papel do Eu na Comunicação com Entidades

O animismo é o fenômeno onde o próprio inconsciente do médium interfere na manifestação espiritual. Isso não é um erro, e sim parte do processo!

📌 Segundo Allan Kardec:

“O animismo é inevitável em qualquer manifestação mediúnica consciente ou semiconsciente.”

Ou seja, mesmo quando você está canalizando uma entidade real, partes suas — como memórias, vocabulário e emoções — podem influenciar a fala ou a conduta do guia.
O importante aqui é entender que o animismo não invalida a comunicação espiritual; ele apenas mostra que o canal ainda está sendo calibrado.


Misticismo e a Idealização das Entidades

Outro grande desafio do médium iniciante é o misticismo, ou seja, a idealização exagerada das entidades como seres perfeitos, oniscientes e sempre imponentes. No fenômeno do misticismo, o médium tem consciência do que está fazendo e faz pra burlar ou fingir uma incorporação.

Essa visão cria expectativas irreais, como esperar que:

  • O guia fale com voz grave ou diferente
  • A entidade traga previsões exatas sempre
  • A incorporação seja “automática” e incontrolável

Esse misticismo pode gerar frustração quando o médium percebe que sua experiência mediúnica não corresponde ao imaginário coletivo.

No misticismo, o que ocorre muitas vezes é uma dramatização consciente por parte do médium. Ou seja, não há uma verdadeira incorporação espiritual, mas sim uma atuação moldada por expectativas, crenças exageradas ou até pela necessidade de atenção ou validação dentro do terreiro ou grupo espiritual.

Em termos simples:

  • No animismo, o médium manifesta conteúdos do próprio inconsciente, emoções e ideias pessoais — muitas vezes sem perceber. É natural e comum em fases iniciais do desenvolvimento.
  • No misticismo, o médium tem plena consciência de que está encenando ou forçando uma manifestação espiritual. Nesse caso, existe uma intenção (mesmo que velada) de simular um transe ou uma entidade, o que pode causar confusão no grupo, na corrente mediúnica, nos consulentes e até interferir negativamente no trabalho espiritual.

Esse comportamento pode nascer de:

  • Vaidade espiritual do médium e super-ego, típico de pessoas egóicas.
  • Necessidade de aceitação ou destaque.
  • Falta de estudo doutrinário e orientação adequada.
  • Pressão do ambiente mediúnico.

Importante destacar:

Um bom desenvolvimento mediúnico, ancorado na humildade, no estudo constante e na ética, ajuda a evitar esses desvios. Quanto mais o médium conhece a si mesmo, mais firme se torna — e menos espaço dá para que o ego assuma o lugar da espiritualidade.


3 Tipos de Mediunidade: Qual é a Sua?

A maneira como a entidade se manifesta vai variar de acordo com o tipo de mediunidade que você tem. Veja:

Tipo de MediunidadeCaracterísticaControle Consciente
ConscienteO médium percebe tudo e lembra do que foi dito.Alto
SemiconscienteO médium tem lampejos de consciência.Médio
InconscienteO médium “apaga” completamente.Baixo

🎯 Saber qual é o seu tipo ajuda a reduzir a dúvida e aceitar com naturalidade o seu processo único de desenvolvimento.


Como Firmar a Entidade e Criar Confiança na Incorporação

Firmar uma entidade é como construir uma ponte de luz entre você e o plano espiritual. Para isso, é essencial que o médium crie rituais internos e externos de conexão e adote as seguintes práticas:

  1. Seja HUMILDE dentro e fora do terreiro
  2. Esqueça que você é um médium consciente (a maioria dos médiuns é consciente/semi-consciente e está tudo bem e em raríssimas vezes haverá apagões!)
  3. Não se compare a outros médiuns
  4. Silencie seus pensamentos durante a incorporação
  5. Evite conversas paralelas no dia da gira e se concentre (respeite o sagrado!)
  6. Converse com os guias espirituais que te acompanham para lhe dar mais confiança e empoderamento
  7. Não seja soberbo, nem vaidoso ou arrogante (lembre-se que a vaidade e o ego são inimigos de um bom médium)
  8. Não minta sobre as reações que estão acontecendo com você durante o processo de desenvolvimento mediúnico
  9. Não critique a incorporação dos outros médiuns
  10. Aprenda a reconhecer e identificar as vibrações de cada entidade (caboclos, pretos velhos, Exus.. cada entidade tem uma vibração própria)
  11. Respeite os zeladores e siga as ritualísticas da casa espiritual que você frequenta
  12. Seja regular e constante nas giras ou sessões da casa e procure sempre que possível participar do dia a dia do terreiro e ajudar nas funções
  13. Mantenha os rituais antes da gira, conforme a ritualística da casa (24 de abstinência de álcool e relações sexuais, banhos de ervas e outros ritos que a casa seguir)
  14. Não incorpore em casa
  15. Faça preces e oferendas que fortaleçam a sintonia
  16. Trabalhe o autoconhecimento para separar o “eu” do “guia”
  17. Estude, leia sobre espiritualidade e faça cursos para fortalecer seu trabalho como médium e dar confiança

🧘 Dica prática: Ao sentir a aproximação da entidade, pergunte mentalmente:
“Sou eu ou você?”
E observe a resposta energética. O corpo não mente.


O Perigo da Autossabotagem Espiritual

A dúvida, quando não acolhida e orientada, pode virar um obstáculo:

  • Bloqueia a energia da entidade
  • Gera medo e vergonha na gira
  • Alimenta o ego ou a negação espiritual

A autossabotagem espiritual acontece quando o médium desacredita de si mesmo a ponto de travar sua missão. É como tapar a torneira da água por medo de se molhar.

🎙️ Citação de Robson Pinheiro (médium e escritor espiritualista):
“A mediunidade é como um músculo: se não for treinada com confiança e disciplina, enfraquece.”


Características Fundamentais de um Bom Médium

Uma das maiores verdades sobre a mediunidade é que o plano espiritual não se manifesta através de vaidade. A espiritualidade busca instrumentos limpos, entregues e humildes.

As principais qualidades de um bom médium são:

  • Humildade: saber que você é um canal, não a fonte. A entidade não está “à sua disposição” — é você quem serve à espiritualidade.
  • Caráter: um bom médium tem que praticar o “Iwà Pelè” (caráter irretocável).
  • Disciplina: estudar, trabalhar, manter o equilíbrio energético e emocional.
  • Desapego ao ego: não se sentir especial por ser médium. A mediunidade é um dom com responsabilidade.
  • Discrição e ética: não usar a mediunidade para manipular ou se exibir.

📌 “O ego é o maior inimigo da mediunidade. Quanto mais o médium se acha, menos ele serve à Luz.” — Citação atribuída a Pai Benedito, guia espiritual.

Pai Paulo, Zelador

💬 “A principal qualidade de um Médium é a sua humildade e praticar o iwà pelè (caráter irretocável)”

— Pai Paulo, Zelador do Centro Umbandista Guerreiros de Oxóssi, Salvador/BA


Desenvolvimento Mediúnico com Responsabilidade

O desenvolvimento não é apenas técnico — é moral, emocional e energético. Envolve:

  • Estudo constante das práticas da Umbanda
  • Alinhamento com o terreiro e o dirigente espiritual
  • Vigilância emocional e energética no dia a dia
  • Trabalho de humildade e entrega ao plano superior

Um médium consciente e preparado é um canal seguro para que o bem seja feito.


Como Saber se É a Entidade que Está Atuando?

Alguns indícios comuns de que a entidade está realmente presente:

✔️ Mudança sutil de postura ou fala sem esforço
✔️ Mensagens com sabedoria além do seu repertório
✔️ Sensação de paz, força ou amor intensos
✔️ “Lapsos” ou ausência parciais de memórias durante o trabalho
✔️ Confirmação dos consulentes sobre acertos do guia

📌 Mas lembre-se: nem sempre o guia se manifesta com teatralidade. Muitas vezes, a energia é suave, firme e discreta.


Depoimentos Reais de Médiuns em Desenvolvimento

💬 “No começo achei que era tudo coisa da minha cabeça. Hoje entendo que meu Exu se manifesta de forma sutil, mas firme. Aprendi a confiar.”
Marlene S.

💬 “Minha Pomba Gira fala com minha voz, mas com palavras que eu jamais usaria. Agora eu reconheço sua presença e a sabedoria que carrega.”
Joana L.

💬 “A primeira vez que senti meu Caboclo foi numa gira de cura. Meu corpo tremia, mas meu coração estava em paz. Desde então, nunca mais me senti sozinho.”
Carlos N.

💬 “Antes, eu tinha medo do que via e ouvia. Hoje, com orientação do terreiro e do meu guia, compreendo que tudo tem um propósito. Sou médium e tenho missão.”
Regina M.

💬 “A mediunidade me ensinou o que é humildade verdadeira. Não sou eu quem fala — sou apenas um canal. E isso é sagrado.”
Fábio T.

Conclusão: Sim, Pode Ser Você… e a Entidade Também

A dúvida “sou eu ou a entidade?” não precisa ser combatida, e sim acolhida. Ela é parte do processo de amadurecimento espiritual.
Com estudo, entrega, humildade e prática, você vai perceber que a mediunidade é uma dança entre você e o plano espiritual — e que, sim, ambos atuam juntos quando há amor, verdade e vontade de servir.

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Saravá, Umbanda! Axé!

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